Grupo de Pesquisa e Extensão Poder, Controle e Dano Social

Sabe aquela telha ondulada? Ou aquela caixa d’água de cor acinzentada? Se não tem na sua casa, provavelmente tem na do vizinho, ou de alguém do seu bairro. Esses dois componentes presentes em muitas casas Brasil afora historicamente têm sido produzidos com uma liga de cimento e amianto. O amianto é uma fibra incombustível e indestrutível. Por isso, ele acaba sendo muito resistente e vantajoso economicamente.

Mas você sabia que, para chegar ao seu bairro, muitas pessoas trabalham para que essa fibra de amianto se transforme em um produto da construção civil? E você sabia que cada uma dessas pessoas, além de trabalhar com a fibra de amianto, também se contaminou com ela. É por isso que a utilização da fibra de amianto tem sido amplamente discutida há décadas, não só no Brasil, como no mundo todo. Você deve lembrar que o STF debateu isso há pouco tempo.

Mas afinal, o que é o amianto? Que danos ele causa? O que o STF discutiu? E o que essa fibra da construção civil tem a ver com a CRIMINOLOGIA CRÍTICA, o CRIME ou mesmo A CRIMINALIDADE? Todas essas questões serão abordadas ao longo desse episódio. Então fica tranquilo, pega o seu café e vem com a gente no episódio de HOJE sobre o caso do Amianto e seus danos NO BRASIL E NO MUNDO.

Para acessar o episódio, clique no link ou escute no player abaixo:

O artigo “Nuvem de poeira: a experiência das vítimas ocupacionais e ambientais da indústria do amianto em Osasco – SP”, de autoria de Alexandre Marques Silveira e Marília de Nardin Budó, foi publicado na Revista Brasileira de Ciências Criminais de agosto de 2021.

Resumo: O deslocamento do olhar da criminologia crítica para os danos sociais causados por agentes poderosos, em seus vínculos com a ação ou omissão do Estado, mobiliza à a busca pela compreensão de processos de vitimização de grandes proporções. Este trabalho tem como objeto a exposição ocupacional e ambiental ao amianto, uma fibra extraída através da mineração, e cuja utilização já foi proibida em mais de 60 países. O artigo traz os resultados de uma pesquisa empírica, desenvolvida através de entrevistas em profundidade realizadas em Osasco-SP, com pessoas expostas à fibra em decorrência das atividades da maior fábrica de cimento-amianto da América Latina, que funcionou na cidade até 1993. Os resultados da análise das entrevistas, realizada através da teoria fundamentada nos dados, mostram a adoção, pela empresa, de técnicas de negação, produzindo desinformação, ao tempo em que desempenhava um papel de dissimulação perante os funcionários e seus familiares. Na narrativa das pessoas entrevistadas, essa prática de negação traduz-se em ambiguidade na própria autoidentificação como vítimas, o que somente parece ser superado através da politização e coletivização da dor.